CHEGUEI
Não me lembro de ter nascido, mas sei o dia... foi numa manhã de mil lágrimas de dor e de alegria... feita um furacão, rasguei as entranhas de uma vida, para de assalto tomar a minha própria vida.
Nada tem sido fácil até aqui, na construção de uma história escrita sem rascunhos, mas com tantos gatafunhos pelo meio... que ficará de certeza absoluta no fundo de alguma gaveta, para quem com imensa curiosidade, um dia passar os olhos e nela se rever.
E porque Alguém me confiou a missão da existência, entre lamentos escorregadios do meu fado, tenho também conseguido entoar com alguma afinação, melodias orvalhadas pelo romper do dia, na pauta dos meus encantos.
Na persistência do meu caminho, entre gestos ousados, horizontes desconhecidos e inquietas tentações, tenho-me divertido “à grande e à francesa”, sempre que descubro atalhos nus e me despeço de momentos longínquos, para de imediato achar na dança da minha imaginação, figuras de proa, altivas na coragem, doces no gesto acolhedor, irreverentes na tão desejada mudança, plenas na certeza única de que vale a pena “chegar”...
Tantas vezes achada e perdida no meu rumo inevitável, perder e ganhar na emoção desmedida do meu querer, sempre me deixo ficar num cais qualquer, pronta para embarcar na louca aventura da vida, porque aqui estou... não de faz de conta, mas para valer...
E na distância profunda do esquecimento, curvo-me apenas às memórias sem remorsos, por todos os impulsos arrancados ao vento, à procura de quem sou, mas nunca me permitindo saber e não vá o diabo tecê-las e acabar de vez com esta adorável tentativa de descoberta.
Abraçar a chegada no novo de cada dia e desatar os nós, que teimosamente apertam e marcam... é a tarefa primeira e única que vos deixo de herança, neste riacho sem pressa de chegar... e que desaguará um dia, no oceano de todos os mares.
Milena Guimarães
Não me lembro de ter nascido, mas sei o dia... foi numa manhã de mil lágrimas de dor e de alegria... feita um furacão, rasguei as entranhas de uma vida, para de assalto tomar a minha própria vida.
Nada tem sido fácil até aqui, na construção de uma história escrita sem rascunhos, mas com tantos gatafunhos pelo meio... que ficará de certeza absoluta no fundo de alguma gaveta, para quem com imensa curiosidade, um dia passar os olhos e nela se rever.
E porque Alguém me confiou a missão da existência, entre lamentos escorregadios do meu fado, tenho também conseguido entoar com alguma afinação, melodias orvalhadas pelo romper do dia, na pauta dos meus encantos.
Na persistência do meu caminho, entre gestos ousados, horizontes desconhecidos e inquietas tentações, tenho-me divertido “à grande e à francesa”, sempre que descubro atalhos nus e me despeço de momentos longínquos, para de imediato achar na dança da minha imaginação, figuras de proa, altivas na coragem, doces no gesto acolhedor, irreverentes na tão desejada mudança, plenas na certeza única de que vale a pena “chegar”...
Tantas vezes achada e perdida no meu rumo inevitável, perder e ganhar na emoção desmedida do meu querer, sempre me deixo ficar num cais qualquer, pronta para embarcar na louca aventura da vida, porque aqui estou... não de faz de conta, mas para valer...
E na distância profunda do esquecimento, curvo-me apenas às memórias sem remorsos, por todos os impulsos arrancados ao vento, à procura de quem sou, mas nunca me permitindo saber e não vá o diabo tecê-las e acabar de vez com esta adorável tentativa de descoberta.
Abraçar a chegada no novo de cada dia e desatar os nós, que teimosamente apertam e marcam... é a tarefa primeira e única que vos deixo de herança, neste riacho sem pressa de chegar... e que desaguará um dia, no oceano de todos os mares.
Milena Guimarães
Quem sou eu?
ResponderEliminarSou parte de tudo
O pedaço que é feito de nada
Sou aquilo que você tem mais medo
Por ser o que mais te agrada
Sou uma sombra sólida
Um caminho que não tem rumo
E quando você pensa que me achou
É aí que sumo
Sou as lágrimas da tempestade
Com o choro de trovão
Sou quem te nega um olhar
Mas te entrega o coração
Sou mais do que você pensa
Mas menos do que realmente sou
Sou quem mais acerta
Por ser quem mais errou
Sou só, cheio de amigos
Acompanhado de solidão
Sou o que existe de mais real
Mas que é feito de ilusão
Sou uma peça nesse jogo da vida
Um leigo que sabe de tudo
Sou mais um rosto perdido
Em busca de paz nesse mundo.
Um beijinho
Jorge Machado