sábado, 20 de março de 2010


FIM DE SEMANA



Aquele fim de semana queria que fosse diferente, apetecia-lhe que fosse diferente, longe da balbúrdia da grande cidade e até dos seus amigos, não que os dispensasse por qualquer motivo à toa, pois eram importantes demais para ela e ainda por cima, escolhidos a dedo.
Mas, no momento precisava de estar só... tinha saudades do seu estado de alma selvagem e afinal, por todos os motivos e mais um... tão poucas vezes o conseguia.
Cansada de hotéis de cinco estrelas e de todas as mordomias, a que tinha direito, para isso... pagava bem... não pensou duas vezes e mãos à obra.
Descobriu na sua arrecadação, uma daquelas arcas frigoríficas, que só servem mesmo para os ditos “pique-niques” e lá meteu o necessário, para pelo menos dois dias...frutas, yogurtes, queijo, fiambre, presunto, alguns sumos e água... pois queria mesmo parar num deserto, mas claro... não morrer de fome.
Juntou às suas tralhas um saco para dormir, uma toalha de praia e enfiada numas jeans com uma camiseta, lá carregou tudo para o seu “todo o terreno” e partiu sem destino, sem esquecer um bom livro “ o verão da minha ousadia” de “Barbara Delinsky”, o seu MP3 com música de boa qualidade, o que em circunstância alguma, dispensava.
Parou numa área de serviço, atestou o depósito de gasóleo, fez umas compras, chocolates, pipocas, pão de forma e lá se fez ela à estrada.
Para onde, perguntava a si própria... oh! sem destino... afinal é o que mais desejo e tenho a certeza, que o lugar que eu tanto quero, está mesmo à minha espera.
Andou sem fim, sem sequer olhar qualquer indicação, mas sempre tendo o mar à sua direita.
Bom... tenho que sair da estrada principal e meter-me por aí, em qualquer “caminhosito”, daqueles que até Deus desconhece, senão vou acabar por não achar o meu “paraíso”...
E entre quelhas e caminhos de cabras, virando à esquerda ou à direita, seguindo a sua intuição....deu de caras com um lugar...lindo demais para ser verdade... mais parecia uma “miragem”, nem rodados de carro nem qualquer vestígio de gente, tendo passado por ali, apenas as “patitas” das gaivotas, marcavam na areia, a presença de vida.
Pois é aqui mesmo que vou ficar. Este sim era o lugar que procurava. Aqui é o Paraíso, o meu Paraíso.
Pelas contas dela, seriam mais ou menos umas cinco da tarde. Tirou a roupa e como Deus a mandou ao mundo, assim se permitiu que aquele Sol beijasse todo o seu corpo, enquanto o dourava também. Correu aquele areal, entrou na água, nadou, brincou, riu, gritava de alegria, mas curioso, nem eco fazia...
Tudo era lindo à sua volta... o mar imenso de água tão azul, que chegava a confundir-se com o próprio Céu e uma pequena floresta de pequenos arbustos, com os mais silvestres dos aromas...
O sol começou a descair, para dar lugar ao anoitecer, mas nem isso a amedrontou, algo lhe dizia que aquele lugar, nada representava para qualquer malfeitor.
Sentia já uma fomita e sentou-se para petiscar alguma coisa, alheia a qualquer pensamento que pudesse manchar “tanta quietude”...
Ligou o seu som e enquanto comia, fazia-se acompanhar por um dos seus ídolos, Freddy Mercury, tão louco quanto ela, podem crer.
Olhou para o céu e a Lua tão cheia e prateada, completou aquele quadro de fascínio total.
Lá de cima, a Lua ria para ela e estendendo os seus braços, fez até questão de a pentear, com os seus dedos suaves, fazendo caracóis, naqueles cabelos ainda molhados, como quem a queria transformar numa “ninfa” digna de todos os Olimpos.
Ficaram grandes amigas, como devem imaginar.
A noite já ia adiantada e ela cansada e linda, deixou-se adormecer.

De repente um barulho, parecendo ser de carro, deixava-a assustada e incrédula de que alguém mais conhecesse aquele lugar, levantou-se.
- Não se assuste, sou um homem de bem e apenas procuro paz.
Saltou do carro, era realmente elegante no porte e na palavra, o que de imediato a tranquilizou, para além de ser um “pedaço” de homem, vestindo à vontade, mas com qualidade... porte atlético e uma fiada de dentes alvos, numa boca perfeita e sensual, prontinha para ser beijada... os olhos, meu Deus...de um mistério profundo...
- Mas como veio aqui parar, já conhecia isto, perguntou ela...
- Não, vim ao acaso, para fugir de tanta coisa que me incomoda...
Não podia ser, almas assim gémeas, só mesmo em fim-de-semana e dos loucos...
- Quer comer alguma coisa?
- Tenho um ratinho, sim...
- Vá lá, sente aqui na minha toalha...é a única, não esperava visitas, confesso...
- Pois só trago mesmo a roupa do corpo....homem e nada organizado, mas também acredite....saí à toa, sem destino, tinha apenas necessidade de apanhar um ar puro, diferente e que me permitisse divagar.

Comeram, riram, conversaram, temas com muito interesse, outros sem interesse algum, mas o que na verdade os intrigava... que raio seria, aquele destino perfeitamente anónimo para os dois, achar “aquele palco invejável”, para o mais inevitável espectáculo... acabaram nos braços, um do outro cheios de sedução e encantamento. Amaram-se loucamente, rolaram na areia, em pleno êxtase, sem preconceitos ou qualquer tipo de tabú, apenas entregues a si próprios, perfeitamente desnudados de corpo e alma... “paixão de ocasião”, por isso mesmo, vivendo aquele momento bem único, pois confessavam um ao outro, nada parecido, antes lhes ter acontecido, entraram na água, fascinados com aquele presente, que a vida acabava de lhes dar. Foram crianças, adultos, meigos, doces e perfeitamente selvagens, na sua condição natural e sem nada pedir em troca....apenas exigindo “dar e receber” á altura do sublime encontro, que ambos sabiam, tinham a certeza... ficaria para sempre guardado, no relicário das suas lembranças...

Adormeceram colados, feitos um só, alheios a tudo, nem o chilrear dos passarinhos, que em bandos, esvoaçavam sobre eles, os fez despertar daquele sonho, que ambos sentiam ser único, naquela madrugada, de todas as madrugadas...
O Sol já ia alto....
O mundo de cada um deles, esperava-os... tinham que partir... juntaram cada um, os seus pertences e caminharam para os respectivos carros...
- Ah, como te chamas, perguntou ela.
- Dudu, respondeu ele.
- Eu sou a Magui...
- Boa viagem...
- Para ti também... mas não contes para ninguém a existência deste Paraíso...
- Ah, só mais uma coisa, acrescentou ela....em momentos de desencontro, quando a angústia e o desencanto, te apanharem à falsa fé, volta a este porto seguro e encontrar-me-ás nesta calmaria, plena de quietude, sentada no patamar da vontade desmedida de te ter, de nos termos...outras vezes, tantas vezes...quantas o nosso desejo, a nossa emoção, a nossa loucura o permitirem e chamarem por nós...


Milena Guimarães

1 comentário:

  1. No meu sonho te encontrei,
    com um enorme e doce sorriso,
    entre tantas flores e borboletas,
    que cobriam o mágico paraíso.
    Meus olhos brilharam ao te ver
    olhando para mim e sorrir,
    mas não pude compreender,
    por que uma lágrima deixaste cair?
    Será que estavas tão feliz
    quanto eu estava ao te ver sorrir?
    Ah, queria tanto saber,
    mas naquela hora precisei partir,
    o que me restava ainda de tempo
    estava começando a acabar...
    Mas porque naquele exato momento,
    eu precisava tanto acordar?

    MILENE, UMA NOITE MAGICA A VC E A SEUS SONHOS!
    QUE ESTA LINDA MAGIA CONTINUE EM TODOS OS CORAÇÕES...
    DAQUELES QUE DESEJAM O AMOR SEMPRE...
    APLAUSOS A VC...

    MEU CARINHO..
    JORGE MACHADO

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