quinta-feira, 25 de março de 2010







O PRESENTE



Ontem era nada...
Hoje é vida e pula vertiginosamente ao encontro da minha dimensão...
Lembrei-me de ti...
Lembrei-me de mim...
Maldição... é quando o ontem não é recordado, nem o amanhã desejado...
O hoje é presente, de todos os presentes, o mais precioso...
E neste silêncio de vaguear por mim, sinto o mar salgado na garganta, nas noites que falam em saudade e desejo, em promessas de comunhão, com a fúria mansa dos dedos que se deixam entrelaçar, agarrando o mundo, para sempre nele nos encontrarmos, num fio de luz, duma cor qualquer do arco-íris.
Na minha boca, tantas palavras choradas e ridas, sob o signo da coragem... mantendo-se virgens às infundadas dores, com a inocência da primeira vez.
Compreendo-me...porque sinto o pulsar inquieto de quem me chama, abro os olhos a meio da noite e acordo em ti, preguiçando nas ondas do teu sorriso, aconchegar-me em teus braços e sugar toda a felicidade do momento... é só o que mais quero.
Compreendo-te... dou-te a minha mão, que apertando a tua, acredita na transparência dos teus sussurros, chamando por mim, com a predestinação de um eterno ficar.
Supostamente, esta noite não poderia ter fim... mas na vertigem do tempo, em cadências certas, os ponteiros do relógio marcam o impulso, não nos permitindo esquecer o gesto, a palavra, o olhar, o sortilégio de momentos com cheiro à essência da vida que corre em nós, sem que ninguém nos ensinasse, mas que a descobrimos, olhando-nos nos olhos cheios de sonhos, numa experiência única e sem pecado.
Perdi contigo... todas as limitações, transborda-me o peito, feito um rio de águas cristalinas, pronto para saciar todas as minhas sedes.
Voa comigo, na dimensão profunda de uma viagem de saudade, sonho e desejo, dos nossos encontros em lençóis de alfazema e de esperança... e a nossa verdade só terá um caminho, a entrega desmedida da vastidão do nosso querer.
E porque “presente” é hoje, permito-me desmaiar neste contentamento, babar pelo canto da boca e ter-te eternamente em mim.

Milena Guimarães

1 comentário:

  1. Dá-me a tua mão
    voa comigo
    deixemo-nos planar
    por baixo do céu estrelado
    por cima da prata do mar.

    Dá-me a tua mão
    e encontra comigo
    a palavra que procuras
    os sentimentos profundos
    na eleição de cada momento…
    Mão amiga…
    Corpo faminto…
    No gesto que invento
    no rosto dos nossos mundos!

    Procura…

    Que a vida está dentro de ti!

    Doce, beijo para ti Milena!!

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