quarta-feira, 26 de outubro de 2011


MESMO


Mesmo que tudo tenha a dimensão dos abismos, na lua do teu sorriso, percebo como violas os meus medos.
Mesmo nas tuas palavras caladas, vestidas apenas do teu silêncio, ainda assim as ouço sussurrando pecados inconfessáveis.
Mesmo na recusa de uma entrega, que tantas vezes por medo não abraça o seu destino, sinto vontades incontidas em me possuíres até que a exaustão te aconchegue nos meus braços.
Mesmo que te embriagues à tardinha com o fascinante por do Sol, é à noite que descobres com uma alegria infinita tudo que há dentro de mim.
Mesmo que busques aquela outra…é a minha alma obscena que preferes no lençol do teu corpo salpicado de desejos perversos.
Mesmo nas batidas do teu coração, que travas dentro do peito, consigo tocar a tua respiração ofegante, sempre que me devoras.
Mesmo no desalinho desta efémera paixão, as tuas mãos trémulas que despem o meu corpo, atiçam o fogo da nossa pele nua, porque sempre nos teremos, na mais atrevida das cumplicidades, desafiando os nossos pecados, porque eternamente seremos pássaros, de asas de seda, sobrevoando horizontes sonhados, em suprema devoção.

Milena Guimarães

1 comentário:

  1. Mesmo
    Mesmo um texto transpirando a sensualidade e a emoção que tu tão bem sabes exprimir.
    Adorei, não obstante " ...as batidas do meu coração que travo dentro do meu peito..."
    Tu sabes

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