terça-feira, 1 de novembro de 2011


SEXTA-FEIRA

Aquela sexta-feira prometia ser uma grande noite a exemplo de tantas outras, mas de repente, percebi que nem a Lua me iria fazer companhia, então resolvi deitar-me no sofá, cobrir-me com a manta da solidão e entre os retalhos da vida, fui dando largas à minha imaginação, tentando assim montar o puzzle da ausência.
E as coisas que não quero, as coisas que não peço, começam a desfilar na minha mente, com gestos ousados em silhuetas atrevidas, como que me desafiando à tortura da dor, testando assim a minha cumplicidade com o gosto amargo da saudade e da incerteza.
Por onde andará quem alimenta os meus sonhos?
Entre conjecturas e dúvidas fica a certeza que para sonhar, basta apenas um coração rasgado pelo cansaço de uma espera em vão, e aí sim, pela incompetência de ler os sentimentos de qualquer pessoa, resta-me o fascínio de pôr à prova o meu próprio sentimento, porque este sim, tem o meu testemunho.
E lá me fui aconchegando no dito sofá, fazendo uma grande mistura com os pingos de raiva que salpicavam o mistério daquela noite, num corpo quente feito o mar do meu desencanto.
Mas tinha-me proposto sonhar, embora a falta da paleta com cores vivas, representasse um obstáculo à minha fantasia, mesmo assim, lá fui rompendo o fantasma da dúvida com mil perguntas que insistiam em não terem repostas.
Valerá a pena dividir, quando percebemos os dividendos mal aplicados no mundo fantástico do Amor?
Valerá a pena apostar na corrida da vida, correndo riscos de não chegar à meta?
Valerá a pena esperar alguém, que nem sequer viajou rumo ao seu destino?
Valerá a pena alimentar sorrisos de esperança, quando lágrimas de desalento correm rebeldes no meu rosto?
Valerá a pena aceitar o desafio, rasgando o véu de todas as sombras que teimam em manchar a minha vida?
SONHO ou PESADELO… eis a questão!
O Sonho aquece a alma, incendeia a vontade louca de agarrar a própria vida.
O PESADELO foi aquela noite de sexta-feira, que prometia ser uma grande noite, mas evadiu-se na penumbra do medo de não conseguir mais alimentar os MEUS SONHOS!

Milena Guimarães

1 comentário:

  1. Vale a pena dividir, vale a pena sorrir, vale a pena sonhar.
    Deitada nesse sofá, coberta pela manta do teu desejo, tiveste um sonho, não um pesadelo.
    Nesse sofá, houve um sonho que, tu sabes, se irá realizar.
    A amargura das tuas palavras não enfraquece a força da tua natureza.
    Adorei este texto que me fez a mim sonhar também

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