domingo, 11 de março de 2012

DESENCONTRO

Desassossegadamente quisera eu ter tido sempre por companhia, aquela menina travessa na atitude, ágil no pensamento, inteligente na solução e doce no ser, que aos poucos foi fugindo de mim, porque eu não soube nem pude impedir a sua natural condição de crescer, abrindo mão elegantemente da sua inocência.
Ah...como me arrependo de a ter deixado partir, sem ao menos com ela tivesse tido o engenho e arte de aprender a eternamente ser criança.
Hoje...neste abismo de cedo entardecer, sinto o calafrio da noite gelada que se aproxima de mim, em seus pezinhos de lã...bem sei, mas sadicamente fazendo-se notar.
Muitos ventos, tantos ventos que têm soprado e tão fortes que perdi até a conta nos desencontros na veia, sob o signo da hipnose de qualquer coisa na minha vida, mais importante do que é hoje.
E nesta intenção de viver, sempre reclamei a mim própria a subtileza dos que comigam privaram com maior intimidade, a roída saudade de um tempo que não foi deles, mas meu...muito meu.
Tantos pensamentos sem o discurso da interpretação, esperam-me ainda e sempre...momentos...instantes onde a minha virtude íntima, lhes dê a consciência plena de um tempo nesta vontade imperativa de "acontecer"!
Aquela criança que foi crescendo longe de mim e se foi fazendo mulher, passeando-se na consciência das suas vontades...hoje...um tronco forte de sorriso franco e aberto, aconchegando de encontro ao seu peito, todos os ramos.
E eu?
Igualzinha a ela...segurando os seus deditos e apertando-os nos meus, apenas na distância da amargura silenciosa, calada na paixão de uma bebedeira, no desalinho constante de tanta solidão.
Sei...
Sinto...
Tenho a certeza, lolgo, logo sem mágoa, ressentimento, cobrança, tristeza ou qualquer coisa parecida...nada nos cansará de correr nos campos, apanhar a urze do mato, cheirar o perfume do alecrim. colher o suave do jasmim, beber as chuvas de abril, sentir a brisa fresca da liberdade, contemplar a vida e enfim sonhar com todas as delícias e maliciosamente de alma cheia, com um único desejo de viver e mesmo de olhos fechados, enxergar com nitidez, que tudo será apenas o "que tiver de ser".
E por fim...sentadas na encruzilhada dos nossos corações, amanhecer...felizes em todas as manhãs, no silêncio das palavras!

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