SÓ
Alimento
os sinais que o teu corpo me deixou na solidão dos lençóis em que me deito, sem
o brilho incandescente das estrelas, que teimam em iluminar outros céus...
Bebo o
cântico dos mares, na saudade rasgada das lágrimas que verto, afogando-me na
minha própria ilusão...
Sangro
por dentro em noites de lua cheia, que nunca me mentem, desenhando a tua
silhueta em gotas de cristal, sobre o meu faminto desejo...
Embriago-me no teu discurso de poeta e busco rimas nos sentidos
imperfeitos da tua ausência...
Agarro as
nuvens que se desfazem em sonhos de criança e lambuzo as pontas dos dedos, que
te procuram...
Viajo na cumplicidade de todos os pecados,
com os olhos da cor do rio que velozmente corre alheio ao meu desencanto...
Peço à
noite que não se deixe adormecer e emigro no sonho mágico de sempre te possuir.
Mastigo
as gotas do teu suor e mato a sede escaldante, em todos os poros da tua pele...
Teimo em
te ter visceralmente dentro de mim, gemo, grito, nos mais sentidos orgasmos
consentidos...
Cansada...muito cansada de uma espera em vão...
Fecho a
cortina…
Tenho
que dormir, mas juro-te que jamais sonharei contigo...
Odeio-te
pelo tanto que ainda te Amo...