sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

                                                                                                
                                                                                               

 

                                    SENTADA

                                         

     Sentada na esquina do pensamento, viajo rumo ao infinito que apenas desponta na curva do vento brincando comigo de faz de conta e na incerteza do encontro, lá vou tropeçando na certeza de todos os desencontros.

     E do chão dos meus sentimentos, tento trepar ao telhado, na expectativa de melhor sentir todos os perfumes inebriantes que me chegam dos céus, trazendo a tua saudade, deixando que uma lágrima de cristal desça, acariciando o meu rosto, para me falar das reticências de um longo depois, cheio de mistérios no crepúsculo do dia.

     Mas é no mar das minhas ansiedades que vou caminhando descalça, enganando a tristeza, calando os medos, seduzindo o desejo onde tudo se encontra e nada se completa, chegando à cabana dos cios, onde o meu corpo em linguagem impura, se entrega sem o mínimo de razão, neste frágil refúgio ao prazer da procura.

     Se achei…

     Se acho…

     Se algum dia acharei…

     Não me questiono mais…

     Sempre que o faço, tudo para mim fica tão nada…

     Hoje, realmente qualquer afirmação não é mais necessária.

     Alguém chega…

     Alguém parte… e na madrugada dos meus olhos, maliciosamente te fotografo, te guardando em mim, com a tonalidade inquietante e o brilho questionador de um simples “ até quando”?

 

Milena Guimarães

 

   

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