Confesso que
sempre vivi sem reticências, sem interrogações, com o fascínio das promessas,
sem motivos para ficar, permitindo-me ser livre e louca o bastante, para deixar
a minha essência florir.
Nesta
possibilidade surpreendente de existir, fui vivendo à sombra dos meus gestos,
das minhas atitudes irreverentes, das palavras sem aspas, sem ponto final.
Confesso,
assim me fiz errante no deserto e na poeira dos tempos, fui superando todas as
minhas tempestades, no limiar da minha inquietude e na frequência das coisas,
no imperfeito amanhã, fui percebendo que só o "hoje" é imperativo.
Em gigantes
carinhos, em mãos que se entrelaçam, consegui
partilhar palavras escritas na poesia do meu pensamento, que sempre
voaram nas asas infinitas do vento, com um único destino do arrependimento
irreversível, de todos os pecados que não cometi, privando-me de saborear toda
uma loucura desejada na tormento do meu desespero.
Confesso,
mesmo que os aromas da ternura, os sabores da paixão, os amores mais que perfeitos,
tardem pela incerteza dos relógios feitos em areia nas praias de todos os
mares, alimento a saudade de mim, busco a certeza de tudo, removendo a terra
onde me embrulho, apanhando todos os rebentos, para plantar no quintal de
alguma primavera que está para chegar.
Milena
Guimarães
Sem comentários:
Enviar um comentário