domingo, 2 de fevereiro de 2014


Tudo isso foi ontem. Nada é longínquo nas minhas recordações. As memórias bailam presentes no meu hoje, continuando sem uma receita para a vida e mesmo sabendo que os silêncios não falam, percebo que as palavras nunca são demais, pois traduzem o cumular de todas as emoções.

É na voz da noite que ouço a saudade de um corpo feito um fruto bravo e rebelde, que nada sabe sobre a sua sorte. De mãos completas, indomáveis mas românticas e majestosas, tocando de leve as horas sem fim. Dos caminhos percorridos em noites de lua cheia em busca do sempre amanhecer. Do início das coisas, onde tudo continua fiel e verdadeiro, como os milagres que me encantam e preciso de acreditar. Dos sonhos que me fascinam, que prometo realizar, mas que sempre deixo escapar, pois têm apenas a duração dos relâmpagos enfurecidos e perturbados que rasgam os céus. Do tempo inacabado e inventado, como um naco de pão, seco e só, coberto de nada, na boca de uma criança esfomeada, prometendo-lhe um pingo de mel. Desta mania do meu sofrimento louco, sem tréguas, que se assemelha a um pormenor, apenas solidão. De um filho longe, atravessando a fronteira dos tempos, na espera cruel, de uma chegada cheia de flores.

Saudade, sempre a saudade, correndo feita um furacão, que rasga perdidamente a minha alma, plena de incertezas, coberta de eternos mistérios, à procura de um poema de amor.

 

Milena Guimaraes.

 

4 comentários:

  1. Ola amiga Milena. Acabei de visitar o teu blog e so posso dizer: Fantastico. Continuas aquela mulher inspirada alegre e amante da vida. Espero poder continuar a ler os teus textos. Recebe um beijinho do amigo Manuel Damas

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    1. Que bom ter-te aqui amigo Manuel Dantas, nem sabes a alegria que me dás. Beijinho enorme.

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  2. Querida Milena:
    Que nunca deixe a saudade e a dôr, pesarem mais na sua balança! Pois o seu lado enérgico, forte, glamouroso e espetacular tem peso que chega para colocar esse prato no TOPO!
    beijinhos da amiga,
    Mónica

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  3. Não há saudade que perdure para sempre, nem dor que se perpetua quando o nosso coração alcança a calma oriunda da aceitação... Esse coração enorme irá sentir muita alegria quando sair-mos deste cinzento imposto pelo São Pedro... Beijinhos

    Francisco ( aquilo miudo da fisioterapia)

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